Pearl Sydenstricker Buck, Nobel de Literatura, 1938

Pearl Sydenstricker Buck: Escritora e defensora das crianças multirraciais
 


        Você conhece a história da primeira mulher americana a receber o prêmio Nobel de Literatura? 


        Estamos falando de Pearl Sydenstricker Buck, que além de Escritora - com suas muitas realizações literárias - também era ativista em causas humanitárias e de igualdade, passando a maior parte de sua vida adulta no movimento americano pelos direitos civis.

Venha conhecer mais sobre ela!

Pearl Sydenstricker Buck 
Fonte: United States Library of Congress; Domínio Público 
        Nascida em 1892 no estado norte-americano da Virgínia Ocidental, Pearl Comfort Sydenstricker era filha de pais missionários que foram para China quando ela tinha apenas cinco meses de idade. 

        Os pais de Pearl optaram por viver entre os chineses e não no complexo missionário. Assim, ela cresceu em estreita intimidade com o povo chinês, absorvendo muito dessa nova cultura. Educada pela mãe e por um professor particular chinês, estudioso do confucionismo, aprendeu o idioma chinês antes mesmo do inglês. Sua mãe a estimulava a escrever semanalmente algum texto e aos seis anos de idade, seu primeiro trabalho publicado em inglês, apareceu no Shanghai Mercury, um jornal com uma edição semanal para crianças.

Fotografia de Absalom Sydenstricker (seu pai) e família. 
Fonte: Randolph College Files; Domínio Público 

        Com 18 anos de idade, Pearl retornou aos Estados Unidos para estudar Filosofia na Randolph-Macon Woman's College, na Virgínia. Ela se formou em 1914 e foi convidada para lecionar psicologia na faculdade. Porém depois de um semestre, Pearl precisou voltar à China para cuidar de sua mãe que havia adoecido. 

        Nesse período em que Pearl estava cuidando de sua mãe, ela conheceu John Lossing Buck, um missionário agrícola americano. Eles começaram a namorar e aos 25 anos de idade Pearl se casou com John. O casal passou cinco anos em uma pequena cidade no norte da China. Alguns anos depois, ela deu à luz a uma menina chamada Carol, que sofria de fenilcetonúria (uma doença que resulta em deterioração mental progressiva). Memórias da vida camponesa na região tornaram-se a base de seu trabalho mais conhecido, “The Good Earth” (na livre tradução, A Boa Terra). 

        Em 1925, a família Buck mudou-se provisoriamente para os Estados Unidos onde Pearl Buck conquistou seu mestrado em literatura inglesa na Cornell University. Seu primeiro romance de título “East Wind, West Wind” (Vento Leste, Vento Oeste) foi rejeitado por muitos editores, até que Richard Walsh, dono de uma editora em Nova Iorque publicou o livro em 1930. Seu próximo livro, The Good Earth, recebeu o Prêmio Pulitzer em 1932 - esse prêmio norte-americano é muito desejado por quem se dedica a obras nas áreas do jornalismo, literatura e música - como sendo o melhor romance publicado durante o ano por um autor americano e permaneceu na lista dos livros mais vendidos por 21 meses! Esse livro também foi referência para o filme estado-unidense nomeado “Terra dos Deuses” vencedor do Oscar em 1937. 

        Pearl foi morar definitivamente nos Estados Unidos em 1934 para escapar do clima de ameaça gerado na China devido à eclosão da Guerra Civil Chinesa. No ano seguinte, ela se divorciou de Lossing Buck e casou-se com seu editor Richard Walsh. Pearl comprou a Fazenda Green Hills situado na Pensilvânia, onde ela e Richard criaram uma grande família internacional, incluindo vários filhos adotivos que haviam acolhido. 

        As experiências vividas por Pearl na China foram muito marcantes e ela reflete todo esse aprendizado em seus romances. Em 1938, Pearl Buck recebeu o Prêmio Nobel de literatura por seu retrato épico e genuíno da vida camponesa chinesa e pelas biografias de seus pais. Ela foi a primeira mulher americana a receber os prêmios Pulitzer e o Nobel de literatura. 


Pearl S. Buck -recebendo o Prêmio Nobel de literatura do rei Gustav V na Suíça no Stockholm Concert Hall, em 1938. 
Fonte: Wikimedia Commons; Domínio Público 

        Além de suas muitas realizações literárias, Pearl era uma defensora da compreensão transcultural, das pessoas com deficiência, dos direitos das mulheres e da harmonia racial. Ela conseguiu chamar a atenção de muitos americanos para a importância das questões sociais, raciais e de discriminação sexual, quer através dos seus escritos, quer através dos seus atos. Induziu de forma positiva o modo como os americanos viam a China e as relações internacionais de forma geral. 

           O anseio de Pearl sobre divulgar algum escrito em relação às causas das pessoas com deficiência era muito marcante. Foi então que ela publicou, no ano de 1950 “The Child Who Never Grew” (A criança que nunca cresceu) sobre seus sentimentos e experiências pessoais com Carol, sua filha biológica. O livro ajudou muitas famílias que tinham crianças com deficiências mentais similares. 

        Pearl movida pela situação difícil das crianças asiáticas - as quais eram abandonadas pelos soldados americanos na Ásia - fundou em 1949 uma agência de adoção nos Estados Unidos, na qual ela nomeou “Welcome House”. Essa agência foi a primeira dos Estados Unidos com o intuito de encontrar famílias para adotar crianças multirraciais, muitas delas fruto de relações entre ocidentais e asiáticos. O programa de adoção da Welcome House foi encerrado em 2014 devido a alterações nos regulamentos internacionais de adoção. 

        Em 1964 a Sra. Buck criou a Fundação Pearl S. Buck, hoje conhecida como Pearl S. Buck International, como uma organização de patrocínio infantil para fornecer melhores condições de saúde e educação e treinamento profissional às crianças. A visão de Buck sobre amparar as crianças e eliminar injustiças e preconceitos sofridos por elas continua até hoje através da Pearl S. Buck International. 

        Pearl faleceu em 1973 aos 80 anos de idade em decorrência a um câncer no pulmão, e está enterrada nos terrenos da Fazenda Green Hills. 

        Ela publicou oitenta livros, além de incontáveis contos, roteiros e discursos, e recebeu muito reconhecimento ao longo de sua vida. Pearl acreditava que uma sociedade forte é construída com respeito e igualdade para todas as pessoas. 

Que mulher incrível, não é mesmo? 

Abraços e até a próxima! Por Rayssa de Moura e Tatiana Simões.

Pearl S. Buck 
Fonte: Nationaal archief; Licença: CC BY-SA 3.0 NL 

Curiosidades:

Pearl Buck foi a primeira mulher dos EUA a receber os prêmios Pulitzer e Nobel de literatura. Além dela somente Toni Morrison (Nobel 1993) recebeu estes prêmios nos Estados Unidos. 

Somente "The Good Earth" vendeu cerca de quatro milhões de cópias. Além de ganhar o Prêmio Pulitzer, o livro foi traduzido para trinta idiomas, inclusive para a língua portuguesa. O livro inspirou uma peça da Broadway e um filme de Hollywood. 

A Gallup Pool (uma empresa de pesquisa de opinião dos EUA) em 1966 colocou Buck entre as dez mulheres mais admiradas dos Estados Unidos. Eventualmente, as obras de Buck apareceram em 145 idiomas e dialetos, tornando-a a autora mais amplamente traduzida na história dos EUA. 

Em um simpósio de 1992 em comemoração ao centenário do nascimento de Buck, James Thomson, um importante estudioso das relações entre os EUA e a Ásia, julgou que ela havia influenciado mais pessoas no assunto da China do que qualquer escritor não chinês desde Marco Polo, no século XIII. 


Referências:

https://pearlsbuck.org/biography/

https://www.nobelprize.org/prizes/literature/1938/buck/facts/

https://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=2709

WACKER, G. Buck and the Waning of the Missionary Impulse. Cambridge University Press on behalf of the American Society of Church History, v. 72, n. 4, p. 852-874, 2003. 

Um pouco mais sobre Pearl Buck e a Fundação Pearl S. Buck International:

https://pearlsbuck.org/

https://pearlsbuck.org/wp-content/uploads/2018/01/2018-1Jan-awards-honors.pdf

https://pearlsbuck.org/wp-content/uploads/2018/01/2018-1Jan-10-achievements.pdf

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