Doris Lessing, Nobel da Literatura, 2007.



Doris Lessing, a filha da guerra

    Doris passou sua vida observando, retratando e comentando diversos tipos de conflitos sociais e existenciais, bora conhecer?


    Doris Lessing nasceu em 22 de outubro de 1919 na Pérsia (conhecido hoje como Irã), onde viveu até 1925, sua família se mudou então para África do Sul. Seus pais Alfred Tayler e Emily Maude Tayler eram ingleses e muito rigorosos, por isso, Doris foi obrigada a estudar na Dominican Convent High School uma escola de freiras, a qual fugiu aos 13 anos de idade, por aterrorizarem com demônios, desde então seus estudos foram realizados informalmente em seu lar. 
    Devido ao mal relacionamento com a mãe, aos 15 anos saiu de casa e começou a trabalhar como cuidadora de crianças. No mesmo momento, começou a escrever textos e vender para revistas da África do Sul. Em 1937, Doris se mudou para Salisburia, na Inglaterra como operadora de telefones e pouco depois se casou com seu primeiro marido Frank Wisdom, com quem teve dois filhos, John (1940-1992) e Jean (1941), mas o casamento não deu certo e se separaram em 1943, deixando os filhos com o pai.
    Após o divórcio, o interesse de Doris foi atraído para a comunidade em torno do Left Book Club, uma organização da qual ela ingressara no ano anterior. Foi nesse grupo que ela conheceu seu segundo marido, Gottfried Lessing. Eles se casaram logo depois que ela se juntou a equipe e tiveram um filho juntos chamado Peter (1946-2013), se divorciando em 1949. 
    Lessing mudou-se para Londres em 1949 com seu filho mais novo, Peter, para seguir sua carreira de escritora e suas crenças socialistas.
    Além de fazer campanha contra as armas nucleares, ela foi uma oponente ativa do apartheid, o que a levou a ser banida da África do Sul e da Rodésia em 1956 por muitos anos. No mesmo ano, após a invasão soviética da Hungria, ela deixou o Partido Comunista Britânico. Na década de 1980, quando Lessing era vocal em sua oposição às ações soviéticas no Afeganistão, ela deu suas opiniões sobre feminismo, comunismo e ficção científica em uma entrevista para o The New York Times.
    Em 1982, Lessing escreveu dois romances sob o pseudônimo literário de Jane Somers para mostrar a dificuldade que novos autores enfrentam ao tentar imprimir seus trabalhos. Os romances foram rejeitados pela editora de Lessing no Reino Unido, mas depois aceitos por outro editor inglês, Michael Joseph, e nos Estados Unidos por Alfred A. Knopf. O Diário de um Bom Vizinho foi publicado na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos em 1983, e Se o Velho Poder nos dois países em 1984, ambos escritos por Jane Somers. Em 1984, os dois romances foram republicados nos dois países, listando Doris Lessing como autora.

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Doris Lessing em 2006.
Fonte: Wikimedia Commons; Domínio Público.

    Em 2007, Lessing recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, ela recebeu o prêmio com a idade de 88 anos 52 dias, tornando-a a mais velha vencedora do prêmio de literatura na época do prêmio e a terceira mais velha ganhadora do Nobel em qualquer categoria (depois de Leonid Hurwicz e Raymond Davis Jr.). Ela também foi apenas a décima primeira mulher a receber o Prêmio Nobel de Literatura pela Academia Sueca em seus 106 anos de história.
    Doris Lessing recusava constantemente às classificações óbvias de “autora de esquerda” e de “escritora feminista”. Em 1999, recusou o título de “Dama do Império Britânico”, porque “não existe mais Império Britânico”, dizia ela. Declarava ser filha da guerra, “onde todos os horrores de massa do nosso tempo foram gerados”, afirmava a escritora.
    Durante o final dos anos 1990, Lessing sofreu um derrame que a impediu de viajar durante seus últimos anos. A escritora começou a focar sua mente na morte, por exemplo, perguntando a si mesma se ela teria tempo para terminar um novo livro. Ela morreu em 17 de novembro de 2013, aos 94 anos, em sua casa em Londres.

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Doris Lessing em 2007.
Fonte: Wikimedia Commons; Domínio Público.

    Dois anos após sua morte, um arquivo secreto de cinco volumes sobre Lessing, elaborado pelas agências de inteligência britânicas, MI5 e MI6, foi tornado público e colocado nos Arquivos Nacionais. O arquivo, que contém documentos redigidos em partes, mostra que Lessing esteve sob vigilância de espiões britânicos por cerca de vinte anos, do início da década de 1940 em diante. Suas associações com o comunismo e seu ativismo anti-racista são relatadas como as razões para o interesse do serviço secreto em Lessing.

Esperamos que tenham gostado do texto, até a próxima (:



Por Débora Santos e Anelize Bahniuk

Referência
- Doris Lessing, Portal da literatura, 2006
Disponível em: https://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=622
Acesso em: 15 de fev. de 2021.

- Doris Lessing: ganhadora do Nobel de literatura escreveu sobre justiça social e até ficção científica, BBC NEWS, 17 de nov. de 2013.
Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/11/131117_doris_lessing_analise_fn
Acesso em: 10 de fev. de 2021.

Pra saber mais:
- Hazelton, Lesley. Doris Lessing sobre Feminismo, Comunismo e 'Ficção Espacial, The New York Times. 1982.
Disponível em: http://mural.uv.es/vemivein/feminismcommunism.htm

- Frazão, Dilva. Doris Lessing. Escritora inglesa
Disponível em:
https://www.ebiografia.com/doris_lessing/#:~:text=Doris%20Lessing%20(1919%2D2013),marco%20do%20feminismo%20na%20literatura.&text=Trabalhou%20como%20telefonista%20em%20Salisbury,teve%20um%20casal%20de%20filhos.



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