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“A ativista pela paz que contribuiu pelo fim da Segunda Guerra Civil na Libéria em 2003.”
A história que iremos contar hoje é de uma mulher batalhadora que não apenas lutou pelos direitos humanos e a construção de uma sociedade mais justa, como até hoje se dedica a inspirar mulheres a alcançarem sua melhor versão e seu espaço na sociedade. As histórias que estamos acompanhando em todos os textos que são compartilhados aqui no Blog sempre acabam suscitando uma reflexão: embora sejamos capazes de realizar e conquistar feitos e premiações na sociedade, somos ainda minoria. Nosso desejo é que um dia não precisemos de ações para reafirmar nossos valores. Começamos o texto de hoje evidenciando mulheres fortes, que além de conquistarem feitos grandiosos, dedicam-se ainda a erguer outras mulheres para que também possam enxergar mais longe. Esse é um dos legados da laureada de hoje.
HISTÓRIA DE VIDA
Leymah Roberta Gbowee nasceu em 1972, na Libéria. Aos 17 anos, terminou o ensino médio. Sua vontade de continuar seus estudos foi abruptamente deixada de lado com a Guerra Civil na Libéria em 1989, quando ela e sua família precisaram se alojar em um campo para refugiados em Gana, na cidade de Monróvia. Influenciada por esse acontecimento traumático, tempos depois Gbowee retornou ao seu país natal para trabalhar com pessoas que haviam lutado na guerra como soldados, quando ainda eram crianças. Ela passou por um treinamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Durante esse trabalho, percebeu a relevância e impacto que as mulheres podem ter na mudança da sociedade.
Leymah Gbowee palestrando em conferência. Fonte: Fronteiras do Pensamento; CC BY-SA 2.0.
Ainda com a vigência da guerra, Leymah se tornou líder da Women in Peacebuilding Network (WIPNET, “Rede de Mulheres na Construção da Paz”), um programa criado em 2001 com o intuito de estimular o desenvolvimento de mulheres na propagação da paz e na reconstrução pós-conflitos. Nesta posição, ela tomou a iniciativa de mobilizar mulheres de diferentes etnias e religiões para se oporem ao conflito liberiano vigente. Dentre as manifestações realizadas, o grupo de mulheres, que se vestia de branco, fez piquetes em prédios governamentais, realizou jejuns e orações coletivas. Eram ações pacíficas que tinham, entretanto, grande impacto na sociedade devido a característica e a quantidade de pessoas. Gbowee conseguiu o feito de conversar com o então presidente da Libéria, Charles Taylor, e pedir pelo fim da Guerra. Grupos internacionais possibilitaram que Charles Taylor e grupos de oposição da Libéria tivessem conversas amistosas em 2003, na intenção de que os conflitos fossem resolvidos. Gbowee, líderes liberianos e centenas de mulheres estiveram no local do encontro em Gana e se recusaram a ir embora até que um acordo de reconciliação fosse feito. O acordo foi firmado e a Segunda Guerra Civil na Libéria teve fim em 2003. Gbowee ficou conhecida como uma grande ativista que atuou de forma pacífica para o fim de um conflito sangrento.
Charles Taylor saiu da presidência da Libéria após o fim da Guerra, tendo ocupado o cargo de 1997 até 2003. Taylor foi o líder militar das primeira e segunda Guerras Civis da Libéria. Ele teve participação em várias ações cruéis em seu país e também na Guerra Civil de Serra Leoa. Foi indiciado em 2003 por pelo menos 11 crimes de guerra e contra a humanidade, como atos de terrorismo, violência à vida, assassinatos, alistamento de menores de 15 anos em forças armadas, dentre outros atos ilícitos. Taylor fugiu do país, solicitando exílio na Nigéria. Em março de 2006, foi eleita a presidenta Ellen Johnson-Sirleaf. Ela solicitou a extradição de Charles Taylor, e ele foi julgado por seus crimes. Sirleaf foi reeleita em 2011, ano em que foi laureada juntamente com Leymah Gbowee e Tawakkol Karman com o Prêmio Nobel da Paz.
As ganhadoras do Nobel da Paz em 2011. Da esquerda para direita: Tawakkol Karman, Leymah Gbowee e Ellen-Johnson Sirleaf. Fonte: Trabalho próprio; CC BY-SA 3.0.
Após a finalização da guerra, Leymah Gbowee fez parte da Comissão da Verdade e Reconciliação na Libéria, de 2004 a 2005. Gbowee ajudou a fundar em 2006 e foi a diretora-executiva da Rede de Mulheres para a Paz e a Segurança – África (WISPEN-África) em 2007. Essa importante organização incentiva o trabalho de mulheres de vários países da África Ocidental, como Libéria, Costa do Marfim, Nigéria e Serra Leoa, para gerar transformações positivas através de ações pela paz, educação, segurança e política. A ativista social recebeu vários prêmios ao longo de sua trajetória, além do Nobel em 2011. Dentre suas conquistas estão o Blue Ribbon for Peace em 2007, concedido pelo Conselho de Liderança Feminina da Escola de Governo John F. Kennedy da Universidade de Harvard, e o Perfil na Coragem em 2009, concedido por John F. Kennedy. Gbowee tem atualmente 49 anos de idade e permanece no ativismo social, sobretudo relacionado aos direitos das mulheres.
PRÊMIO NOBEL
Leymah Gbowee foi uma das mulheres agraciadas com o Nobel da Paz em 2011, juntamente com a também liberiana Ellen-Johnson Sirleaf e com a iemenita Tawakkol Karman. Ela é a mulher negra mais jovem a receber a premiação nesta categoria. Gbowee é um grande expoente liberiano na luta pela paz e esteve no centro do movimento que pôs fim à Guerra Civil da Libéria em 2003.
Por Alana D’Ornelas, Jéssica Jamal e Clarice D. B. Amaral.
PARA SABER MAIS
Na palestra do Ted Talks “Leymah Gbowee: Libertem a inteligência, a paixão e a grandeza das jovens mulheres”, a ativista conta a respeito de sua história, sua relação com outras histórias marcantes e inspira mulheres no mundo todo a acreditarem em seus potenciais.
Pray the Devil Back to Hell é um documentário sobre Leymah Gbowee. Ele conta a história inspiradora e corajosa da ativista e como o ativismo de base é capaz de alterar os rumos de acontecimentos sociais.
O canal do Youtube “Fronteiras do Pensamento” possui algumas entrevistas com Leymah Gbowee, nas quais ela mostra a sua visão a respeito do mundo e como podemos fazer a nossa parte para melhorá-lo. Neste vídeo legendado em português, ela discute a importância do protagonismo juvenil nas transformações sociais. Vale a pena conferir!
Em sua luta para empoderar pessoas, Gbowee escreveu um livro, “Mighty Be Our Powers: How Sisterhood, Prayer, and Sex Changed a Nation at War” (“Poderosos sejam nossos poderes: como a irmandade, a oração e o sexo mudaram uma nação na guerra”, tradução livre). Nele ela expõe como a força de um grupo de mulheres levou ao fim da guerra na Libéria.
REFERÊNCIAS
Leymah Gbowee. Facts. The Nobel Prize. Disponível em: https://www.nobelprize.org/prizes/peace/2011/gbowee/facts/. Acesso em 16 abr 2021.
Leymah Gbowee. Liberian Activism. Britannica. Disponível em: https://www.britannica.com/biography/Leymah-Gbowee. Acesso em 16 abr 2021.
Leymah Gbowee. Fronteiras do Pensamento. Disponível em: https://www.fronteiras.com/conferencistas/leymah-gbowee. Acesso em 16 abr 2021.
Charles Taylor. Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Taylor. Acesso em 16 abr 2021.
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