MMC ENTREVISTA - Marielle Sandalovski

 

MMC ENTREVISTA - Marielle Sandalovski 




Centro universitário é marcado por gestão feminina


Marielle Sandalovski Santos fala sobre seu trabalho como pró-reitora do Unidep

Por Leandra Francischett


Marielle Sandalovski Santos é jornalista por formação e mestre em Comunicação e Linguagens, bem como especialista em Gestão de Negócios e Marketing e especialista em Docência no Ensino Superior. Trabalha no Ensino Superior desde 2002, em cursos de graduação, pós-graduação e desenvolvimento de projetos. Atualmente, atua como Pró-Reitora de Pós-graduação, Pesquisa, Extensão, Inovação e Internacionalização (PROPPEXII) do Centro Universitário de Pato Branco (Unidep), uma unidade do Grupo Afya.

Marielle ingressou no Unidep há 21 anos e desde então é destaque, sempre em ascensão, sendo que a gestão atual é marcada pela presença feminina. “Aqui no Unidep eu já vivi diferentes funções desde 2002. Ao longo dessa trajetória, eu ingressei como docente no curso de Jornalismo. Atuei no curso de Jornalismo durante 10 anos e tenho orgulho de dizer que participei da primeira à última turma que nós formamos em Jornalismo. Ainda quando eu estava docente no Jornalismo, eu vivi o desafio de coordenar cursos de pós-graduação Lato Sensu. Durante 10 anos, também coordenei a CPA (Comissão Própria de Avaliação Institucional). Após, atuei na coordenação de pós-graduação. Depois, foi criada a coordenação de pós, pesquisa, extensão e inovação da instituição e essa coordenação foi transformada, há poucos anos, na Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão, Inovação e Internacionalização.”


Confira a entrevista.

 

Na prática, o que é ser pró-reitora deste setor?

É um desafio gigante, porque nós temos que pensar que este setor está dentro de uma instituição e que isso dá sentido a ele. Então, a PROPEXII é um setor jovem dentro do Unidep, que é uma instituição com 23 anos de história. A PROPEXII foi criada com o objetivo de nós, enquanto centro universitário, cumprirmos com o nosso compromisso e papel frente à pesquisa, à inovação, à extensão, etc.

 

Quais os seus trabalhos e suas funções?

Aqui no setor, a gente cuida da pós-graduação, em especial Lato Sensu, porque neste momento nós ainda não temos acontecendo na instituição o Stricto Sensu. Temos também a pesquisa. Desde que o setor foi criado, algo que nos orgulha muito é que a instituição passou a investir em pesquisa a partir de recursos próprios, concedendo anualmente, a partir de edital, bolsa para professores e alunos de diferentes cursos, diferentes áreas de conhecimento, e esses professores e alunos que têm projeto de pesquisa e de iniciação de pesquisa selecionados, eles passam a ter o seu projeto institucionalizado. Temos a extensão, que nos orgulha muito, porque desde o início da instituição nós sempre fomos muito fortes no que se refere à relação com a comunidade externa. Porque a extensão é isso, a relação transformadora que existe entre a instituição de ensino, a partir de seus professores e alunos, com a comunidade na qual ela está inserida. A inovação também é uma característica muito forte no Unidep. A partir da inovação nós provocamos professores e alunos a ir além, e quando falamos de inovação nós estamos falando de negócios inovadores, a provocação que fazemos a todos eles para que tirem do papel as ideias. Podemos dizer que as instituições de ensino superior são celeiros de ideias, porque um dos atributos do professor é desafiar os seus alunos, e se ele desafia os alunos a olharem para a realidade, identificarem situações-problema e pensarem em soluções, essas soluções têm um grande potencial de se transformarem em negócios. E se essas soluções tiverem potencial de serem escaláveis, ou seja, de muitas pessoas necessitarem daquela solução, quer seja um produto, quer seja um serviço, eu estou falando de uma inovação. E temos também a internacionalização com a mobilidade acadêmica. Este é um segmento bastante jovem aqui dentro da nossa instituição, mas a partir do qual já colhemos bons frutos. Já temos alunos de diferentes cursos que vivenciaram intercâmbio em diferentes países. E recentemente foram provocados a se inscrever num programa de mobilidade acadêmica dentro do Brasil. Hoje, o Unidep é umas das unidades do Grupo Afya, que tem mais de 30 unidades de ensino no país - o Unidep é a unidade que está mais ao sul - e, a partir deste programa de mobilidade acadêmica, os alunos poderiam se inscrever para cursar um semestre em outra unidade do grupo. Esse é um exemplo de ação que o segmento da internacionalização e mobilidade acadêmica realiza: estimular o aluno a vivenciar outras culturas, quer seja dentro do próprio país, quer seja no exterior.

 

Há ainda o Núcleo de Carreiras?

Não está presente no nome do setor, mas um outro segmento que temos vinculado à PROPPEXII é o Núcleo de Carreiras, que objetiva facilitar o match entre as empresas e os talentos que temos aqui no Unidep, sejam alunos ou egressos. É muito comum que as empresas façam contato conosco na instituição, buscando pela indicação de currículos e o Núcleo de Carreiras se ocupa em reunir essas informações e contribuir para que este match aconteça. Além de outros projetos e programas que realiza com foco nos nossos alunos, para desenvolvê-los para a futura carreira profissional.

 

Como você atingiu este cargo?

Eu vejo que é uma caminhada de aprendizado em relação ao ensino superior. É uma caminhada que a gente não faz sozinho, mas sim que fazemos com outros colegas, com docentes e técnicos-administrativos, com os nossos alunos, com a comunidade na qual estamos inseridos e vamos aprendendo qual é o real sentido de uma instituição de ensino na comunidade. E junto com essas pessoas com as quais a gente vai caminhando e aprendendo, a gente também vai sonhando. Sonhamos porque percebemos desafios e começamos a pensar em possíveis soluções, em projetos, programas e vamos, a muitas mãos, a partir dessa caminhada, realizando sonhos, construindo projetos. Então, eu digo que a PROPEXII, esta pró-reitoria em especial, ela é a realização de um sonho meu, mas de um sonho de vários outros colegas da instituição. É a realização do sonho de investimento na pesquisa, sonho de darmos melhores condições para extensão, sonho de investirmos mais na inovação, termos um setor que cuida da mobilidade acadêmica e da internacionalização. Ou seja, o setor também é um indicador de como a instituição está crescendo e se desenvolvendo.

 

Você conhece mais mulheres que desempenham funções semelhantes?

Sim, aqui no Unidep a gente tem muito orgulho, porque nós temos uma gestão feminina. A nossa reitora é a professora Ornella Bertuol; temos a pró-reitora de graduação, a professora Carla Rueddel; temos a pró-reitora Administrativo-Financeira, que é a Claudia Faccin; e eu, que vivo o desafio da PROPEXII. Isso não aconteceu de maneira proposital, isso aconteceu naturalmente. E temos nas coordenações de curso e nas coordenações de setores, tanto gestores homens quanto gestoras mulheres. Então, para nós, na instituição, a questão de gênero é muito tranquila. Foi natural esse movimento e hoje isso acaba nos orgulhando, porque sabemos que não são todas as instituições ou é uma minoria de instituições de diferentes ramos de negócio que tem na gestão mulheres.

 

Felizmente, você não sofreu a barreira do gênero, mas, na sua opinião, o que falta para as mulheres conquistarem mais cargos nas universidades?

Eu não me sinto muito à vontade para dizer o que falta para elas conquistarem mais, porque hoje eu não tenho a informação de quantos por cento dos gestores são homens ou são mulheres em instituições de ensino superior, mas, no cenário da educação, a mulher tem espaço. A mulher sempre teve uma inserção muito forte na educação infantil, na educação fundamental, enfim. Na educação superior, inicialmente povoada por homens, a mulher vai se inserir um pouco mais tarde, mas hoje ocupa diferentes espaços, cargos e funções. Dentro da nossa instituição foi um movimento natural, então, quem sabe o que nós fizemos, eu, professoras Ornella, Carla e Claudia, foi acreditar no nosso potencial, foi ter o privilégio de viver num ambiente respeitoso e de igualdade profissional, e o avanço aconteceu como consequência. Assim como nós estamos hoje nessas funções, devido à caminhada histórica que cada uma de nós percorreu dentro da instituição, outros colegas passarão a ocupar nossos espaços, porque nenhuma de nós é eterna na instituição, todos nós somos passageiros. Outros colegas irão nos suceder, assim como em várias funções mulheres já sucederam homens. E se eu pensar no antes, todas as pessoas que foram coordenadores de pós, coordenadores de extensão no Unidep foram sempre mulheres. Na direção-geral nós já tivemos homens, e hoje nós temos uma reitora mulher. Então, aqui dentro, o que a gente pode dizer é que há um movimento igualitário e de muito respeito entre homens e mulheres em diferentes funções, e que a trajetória dentro da instituição e a formação vão naturalmente conduzindo as pessoas às funções que elas exercem. E algo que nos orgulha muito é que nós percebemos, dentro da instituição, um movimento de ascensão dos colaboradores, que está para o reconhecimento de trajetória profissional de cada um.

 

Você é casada com o professor Gilson Ditzel, diretor da UTFPR de Pato Branco, isso contribui de alguma forma com o seu trabalho? Vocês trocam muitas ideias sobre o trabalho acadêmico?

Contribui bastante. Na verdade, quando nós casamos, que foi um pouquinho antes de eu começar a trabalhar aqui no Unidep, nós casamos em janeiro de 2002, ele já atuava como professor da UTFPR de Pato Branco. Então, a minha trajetória é muito marcada sim pelas trocas que eu faço com o Gilson, quer seja atuando como docente, depois nas diferentes funções técnicas. A gente troca figurinhas e acredito que um contribui para o crescimento e o desenvolvimento do outro. É algo mútuo.

 

Quais as dificuldades para conciliar família e trabalho?

É um desafio diário. Também não sei se, caso eu mudasse de profissão, se seria diferente, porque eu mergulho de cabeça nos projetos nos quais me envolvo. Mas a docência e o trabalhar em uma instituição de ensino... a gente brinca que não trabalhamos com o foco no relógio ponto. É um trabalho que demanda envolvimento, engajamento, e isso não é forçado, é algo que, se você é apaixonada ou apaixonado pelo ensino superior, ou pelo ensino de uma forma geral, você vai se envolver.

 

E quais são seus planos?

Institucionalmente, eu vejo que a PROPEXII, se eu fosse fazer uma comparação, ela é um bebezinho, então ela está engatinhando, nós temos muito o que fazer dentro do setor. E algo que é muito importante destacar, eu falei de várias frentes e não tem como trabalhar essas várias frentes sem ter grandes pessoas trabalhando junto com a gente. Para cada uma dessas dimensões, para cada um desses segmentos, nós temos um colaborador da instituição, um professor vinculado. Temos uma pessoa que cuida da pesquisa, que é a coordenadora de pesquisa e iniciação científica, a professora Graciela Gregolin; na extensão, a professora Alcione Cappelin; o professor Douglas Henrique Batista cuidando da parte da inovação; o professor João Faccio cuidando da mobilidade acadêmica e internacionalização; e a professora Wanda Luquine Elias cuidando do Núcleo de Carreiras; além da nossa Lilian Pagnoncelli dos Santos, que é a auxiliar administrativa do setor, que soma com todos nós. Temos um grupo de pessoas que trabalha para que esse nosso bebezinho, que é a PROPEXII, possa ir crescendo de maneira orgânica. O nosso desafio é trabalhar de maneira coesa, sustentável, para que possamos ver esse setor, daqui alguns anos, já como um adolescente, vivendo sempre novos desafios, que fazem parte deste processo de desenvolvimento e amadurecimento. 

Comentários